F.I.R.E. é um movimento que permite atingir a independência financeira e conta com vários seguidores no mundo. A sigla significa Financial Independece, Retire Early, ou em português, independência financeira, reforma antecipada. Este movimento representa o sonho de muitos, o de se reformarem mais cedo e preencherem os dias como quiserem e onde quiserem. Fique a conhecer todos os detalhes deste movimento, sobre o que consiste e um pouco sobre a sua história.

Fotografia de Elizeu Dias – Unsplash

Como surgiu o movimento F.I.R.E.?

A ideia de uma pessoa se reformar mais cedo não é recente, mas ganhou mais notoriedade depois do lançamento do livro “O Dinheiro ou a Vida” em 1992 pelos autores Vicki Robin e Joe Dominguez. Este livro sugere um programa de nove passos que promete transformar a relação com o dinheiro para, por fim, atingir a meta da independência financeira. O livro destes dois autores não ensina apenas a lidar com o dinheiro, ensina também a ter mais liberdade, alegria e a traçar uma vida com mais significado. Se seguir os nove passos, não aprenderá a ganhar mais ou a gastar menos dinheiro, de facto, o que esta obra ensina é a ter noção sobre quanto realmente necessita para ter a vida que deseja. Esse será o exercício principal destes nove passos e essa foi a premissa para o início do movimento FIRE.  

Atualmente, este movimento passou a ser partilhado no digital, em blogues e redes sociais e podemos apontar o Mr. Money Mustache (Peter Adeney), como o pioneiro do movimento. No seu blogue, relata desde 2011 os passos que o levaram a ele e a sua mulher, a se reformarem aos 30 anos. Como ele, existem outros que incentivam mais pessoas a seguir o movimento FIRE, utilizando vários métodos para alcançar a independência financeira.

Fotografia de Nick Morrison – Unsplash

O que é a independência financeira?

Podemos definir a independência financeira como sendo a liberdade para escolher o que fazer com o seu tempo, sem que para isso tenha de se preocupar em trabalhar para ganhar dinheiro. Para chegar a esse objetivo, as pessoas devem gerir o seu dinheiro de tal forma que em 15 ou 20 anos tenham o suficiente para pararem de trabalhar. Muitos seguem este movimento não só para terem a reforma antecipada, mas também para tirarem um período sabático na transição entre carreiras, ou então dedicarem-se inteiramente a atividades não remuneradas, como viajar pelo mundo, ou ao voluntariado. Em muitos casos, as pessoas preferem continuar a trabalhar na sua empresa de sempre e entram no movimento FIRE para conseguirem mais rendimento ao final do mês.

Pode parecer um conceito utópico, mas de facto, já muitos conseguiram fazê-lo e provaram ser possível. A ideia principal é quantificar o objetivo e reunir esse valor durante um período. Após atingir o valor pretendido, poderá aplicar o dinheiro em fundos de índice, em stock picking ou em imobiliário para garantir um rendimento constante com o dinheiro que investiu. Sabemos que investir no imobiliário continua a ser o método mais seguro, por ser possível arrendar, vender ou, quiçá, morar na própria habitação.

Para conhecer o montante que precisa para atingir o seu objetivo, existe a regra dos 4%. Esta regra consiste em retirar no máximo 4% dos investimentos por ano para proteger a diminuição do valor total. Seguimos com um exemplo para entender melhor como poderá calcular esse valor: se quiser ter um rendimento mensal de 1000 € (12 000 € anuais) e, tendo em consideração 4% de retorno ao ano, terá de dividir 12 000 € por 4%, que será igual a 300 000 €. Este é o seu valor para atingir o objetivo do movimento FIRE.

Esta prática pode significar uma mudança total de hábitos e um maior conhecimento de finanças pessoais. Terá de abdicar de despesas não essenciais e aplicar os seus investimentos em várias plataformas. É um conceito que exige uma mudança completa, mas que no final compensará todos os sacrifícios.

Existem estratégias para alcançar a independência financeira?

1. Literacia financeira

Existem, e vão depender muito da força de vontade para alterar o seu modo de vida. Primeiramente, deverá ter uma noção alargada sobre literacia financeira e perceber o que quer fazer quando atingir o valor final. É também importante perceber que tipo de investidor é e seguir as estratégias que outras pessoas partilham em livros, blogs ou podcasts sobre este tema.

2. Poupar dinheiro

O segundo passo para uma estratégia eficaz, é poupar dinheiro. Por vivermos atualmente numa época em que o consumismo é predominante na nossa sociedade, poupar poderá ser um dos passos mais difíceis. Terá de ter foco nesta alteração de estilo de vida e sempre que precise de comprar algo, não o faça por impulso e questione sempre a utilidade do produto ou serviço. Tudo deverá ser feito com o objetivo em mente e para lá chegar poderá adotar algumas medidas que os seguidores do movimento FIRE partilham nas plataformas digitais.

• Eliminar de vez as despesas desnecessárias (por exemplo, deixar de fazer refeições fora de casa, utilizar o carro apenas quando não tiver alternativa, cancelar a subscrição de alguns serviços de entretenimento ou até arrendar um dos quartos da sua casa para partilhar despesas).
• Limitar o orçamento familiar ao mínimo possível.
• Mudar de zona geográfica, onde o custo de vida seja mais baixo.
• Encontrar outras fontes de rendimento.

3. Investimento

Por último, o terceiro passo passa por investir. Colocar o dinheiro que poupou a trabalhar por si através de investimentos, aproveitando os juros compostos, para no fim, aumentar a sua receita. É importante ter um portefólio de investimentos diversificado, portanto, deixamos alguns exemplos.

• Planos de Poupança Reforma (PPR);
• Investimentos na bolsa (fundos de investimento, ETF ou ações);
• Investimento imobiliário.

Fotografia de Joshua Mayo – Unsplash

Portugal e o Movimento FIRE combinam?

À margem de países como os Estados Unidos da América, ou até o Reino Unido, onde este movimento ganhou grande notoriedade, existe Portugal. A realidade portuguesa poderá ser desafiante para quem aspire seguir os passos do movimento FIRE, mas nada é impossível e se for realista na sua lista de objetivos, com certeza, conseguirá atingir a tão afamada meta FIRE.

A realidade da comunidade FIRE internacional almeja poupar valores bem diferentes da realidade portuguesa. Em cidades como Nova Iorque ou Londres o custo de vida é mais alto e a meta de poupança é, inevitavelmente, mais alta. Portugal poderá ser a resposta para os estrangeiros que aspiram chegar à reforma antecipada ou tencionam continuar a trabalhar como freelancers, mas com um “backup” financeiro estável.

Portugal tem um custo de vida baixo para quem vem de outros países. Se optar por regiões fora dos grandes centros urbanos, como algumas cidades do Alentejo e do Algarve, os valores para ter uma vida confortável, serão ainda mais animadores.

O custo de vida em Portugal

Em Portugal, uma refeição num restaurante onde o prato principal, a bebida (garrafa de vinho pequena, por exemplo) e a sobremesa estão incluídos, pode custar apenas 25 €, ou até menos se optar por estabelecimentos com o menu do dia, onde os preços variam entre 10 a 15 €.

Os valores do supermercado têm aumentado, mas ainda assim são comportáveis para os estrangeiros. As compras mensais podem ser feitas em grandes superfícies ou nos mercados locais, onde existem produtos frescos de grande qualidade a preços simpáticos.

Os custos do alojamento variam mediante a cidade onde se encontra. Como já aqui tínhamos referido, as cidades com mais densidade populacional, como Lisboa e Porto, tem o alojamento mais caro do país. Já a região do Algarve, consegue contornar esses valores ao ter casas muito próximas de grandes cidades, com valores mais acessíveis. Outra das vantagens de viver no Algarve, é ter a praia como vizinha e um clima ameno para aproveitar longos passeios pela costa.

Comprar casa no Algarve tende a compensar mais do que arrendar. Pois os preços dos arrendamentos podem subir no fim de cada contrato, ou na pior das situações, não ver o seu contrato renovado. Os preços para comprar casa no Algarve variam bastante, mas quanto mais próxima a casa estiver da costa, mais cara será. Ainda assim, consegue encontrar casas com três quartos a menos de 200 000 € em bom estado de conservação.

A saúde em Portugal tem valores mais baixos comparados com os valores da saúde dos Estados Unidos da América, por exemplo. A razão, é que em Portugal o serviço de saúde é público. Os serviços a si prestados são pagos, mas o valor é bastante baixo e algumas especialidades são ainda gratuitas. Uma consulta num centro de saúde custa 4,5 € e as consultas de especialidade custam 7 €. Em contrapartida, o serviço de saúde público português pode ser lento, e nestes casos é benéfico ter um seguro de saúde para aceder aos hospitais privados. Os valores dos seguros de saúde em Portugal variam entre 30 a 100 €, não sendo demasiado altos em comparação com outros países.

Saiba mais sobre os custos de vida em Portugal, neste artigo.

Fotografia de Artem Zhukov – Unsplash

Em suma, podemos dizer que Portugal é um excelente destino para quem segue o movimento FIRE. O custo de vida baixo é uma vantagem para quem tenciona atingir o objetivo FIRE o mais rápido possível. A saúde de qualidade, a gastronomia fresca, a segurança nas ruas, o clima ameno e o povo acolhedor, são bónus a juntar à sua mudança de país. 

Após conseguir o seu visto de residência em Portugal, ou se preferir, o mais recente visto para nómadas digitais, poderá embarcar na melhor aventura da sua vida e desfrutar deste país. Fale connosco sobre os seus planos, e teremos todo o gosto em encontrar um imóvel no Algarve para si.